quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Diálogo IV

Sobre o Conselho de Guias de Patrulha, quando funciona, excessos, sensação de sigilo ou de acoitamento para cometer excessos, hierarquia, padrões


1

— «The Court of Honor. Conselho de Guias de Patrulha. Tu sabes, nós sabemos: em algumas Secções ele "é igual a repartição pública, que existe, mas não funciona", se podemos citar Ariano Suassuna. E posso muito bem comparar as duas coisas: sou funcionário público e já participei em sessões do Conselho de Guias.»

— «Mas afinal: que é o Conselho de Guias?»

— «Para alguns é como cabeça de bacalhau: eles sabem que existe, mas nunca a viram. De qualquer modo, é (ou deveria ser) o órgão mais importante da Secção.»

— «Já fomos Timoneiros e Mestres, e já comparecemos em algumas sessões do Conselho, tanto na Flotilha como na Frota. Será que tivemos bons exemplos sobre o assunto?»

— «"Sim" e "não" é a resposta. Para que haja realmente o Conselho de Guias, é preciso, em primeiro lugar, que haja Patrulhas ou futuras Patrulhas. Digo "futuras" porque é do Conselho de Guias que nascerão as Patrulhas. Dele virá a Secção. Vê: antes que recebamos a segunda leva de escuteiros, e antes que formemos um Grupo Explorador ou Pioneiro, devemos estabelecer quais critérios serão usados para a vida em Secção. Isso será decidido numa sessão do Conselho de Guias. Vês qual é a ordem das coisas? Já temos para a pauta da primeira sessão dois ítens: 1) O número de elementos que deve haver em cada Patrulha; e 2) Os critérios para a admissão de novos elementos numa Patrulha.»

— «Não parece que já tenhamos feito coisa igual.»

— «Tenta lembrar. Quantas vezes votamos para decidir algum assunto? Quantas vezes houve um Timoneiro ou Mestre que presidisse a sessão? Quantas vezes decidimos que instrução receberíamos ou quais actividades faríamos, por gosto ou por necessidade de realizar esta ou aquela prova, através de uma sessão do Conselho de Guias? Pois bem! Quando as sessões ocorriam dessa maneira, sim, tínhamos verdadeiras sessões de um autêntico Conselho de Guias.»

— «Então, mal sabemos o que é isso. Na maioria das vezes, não era assim!»

— «Um Conselho de Guias possui outras características. Por exemplo: nas votações, o chefe não tem direito a voto. Ele existe para aconselhar, instruir e orientar. Tão-pouco deve presidir as sessões. Na verdade, elas podem ocorrer sem a presença dele. E a questão é exactamente esta: quanto mais os Guias dependerem do chefe, menos então teremos uma verdadeira sessão do Conselho de Guias.»

— «Estavas a dizer que a presença do chefe não é fundamental. Achas que isso realmente funciona?»

— «Vê bem. Devemos dar liberdade a eles na medida do possível e do bom-senso. Creio que seja mais provável que os pioneiros venham a realizar as sessões sozinhos. Mas realmente não há necessidade da presença do chefe. Nas primeiras sessões, é natural que o chefe esteja presente, mas a partir do momento em que ele verifica que sua participação vai sendo reduzida até quase ser anulada (e esse é o objectivo), ele deve propor uma sessão apenas com os Guias. É como se entregássemos um automóvel às mãos de alguém: primeiro nós o ensinamos a guiar, ficamos ali no banco ao lado, até que um dia deixamos que ele dê uma volta sozinho ao quarteirão, se julgamos que ele realmente já é capaz de guiar.»

— «Não me parece nenhum absurdo o que dizes.»

— «O que não devemos é deixar os escuteiros desassistidos quando de facto precisem de nós. Eles podem "convidar" o chefe ou algum assistente da confiança deles a comparecer numa sessão. O chefe, é claro, não recusaria o convite. Mas o objectivo é que eles dependam o menos possível de outras pessoas.»

— «Se não estivermos lá e eles tomarem alguma decisão que não nos apeteça?»

— «Essa é uma boa pergunta. Mas acho que eu tenho outra melhor ainda: e se eles tomarem uma decisão absolutamente correcta, de acordo com o P.O.R. [publicação da U.E.B. equivalente ao Regulamento Geral do CNE] e que, de maneira alguma, vá contra os ideais do Movimento? Ainda assim deveríamos vetar a decisão deles só porque não gostamos dela ou só porque no lugar deles agiríamos de forma diferente?»

— «Pensando assim, a questão ganha outras dimensões. Mas que poderia estar correcto e, ainda assim, não nos apetecer?»

— «Muita, muita coisa. Imagina a função de presidente da República. Ele não pode vetar o que o Congresso aprovou a não ser que o projecto de Lei seja inconstitucional. Do contrário, o presidente deve sancionar a Lei, quer queira, quer não. São as limitações da função e parece que são mais ou menos aquelas de um chefe diante do Conselho de Guias.»

— «Em resumo: a vontade deles deve estar acima da nossa?»

— «Exactamente. "Do povo emana todo o poder e só em seu nome será exercido". Eis aí um bom parâmetro a seguir, a não ser que queiramos reinar sobre eles como monarcas absolutistas, e estes, infelizmente, ainda existem. Mas vê bem: existem no Movimento Escutista.»


2

— «Mudando de assunto, mas ainda falando do Conselho de Guias, agora recordo bem: de vez em quando um Timoneiro de nossa antiga Flotilha dizia a algum de seus Moços: — "Eu te levarei à presença do Conselho de Guias. Agora treme!" Alguns não ligavam importância; outros realmente tremiam. Era uma comédia.»

— «Afinal, quem tem medo do Conselho? Onde ele não existe ou não funciona bem, não há quem o tema. Mas uma de suas atribuições é julgar e punir quando se deve. Talvez recordes: durante um cruzeiro marítimo, um Moço com maus antecedentes em matéria de comportamento deixou que uma das forquetas caísse ao mar. E tu sabes: forquetas não boiam ou sabem nadar, de modo que ela se perdeu para todo o sempre.»

— «Eu me lembro disso. Passamos a remar com um remador a menos. O patrão compensava com o leme o bordo desfalcado.»

— «Recordo que esse Moço teve de pagar uma forqueta nova. Não porque ele a tivesse perdido, mas por causa da maneira como isso aconteceu: ele e outro Moço começaram uma borga a bordo quando deveriam estar a remar. É claro que aquela peça deveria estar bem fixa à borda por um cabo, de modo que não se perdesse em caso de acidente; mas o facto é que: "era uma vez uma forqueta..."»

— «Achaste justa a punição?»

— «Creio que tenha sido justa. Não me recordo de termos perdido outra forqueta desde então...»

— «Parece que a lição serviu como exemplo. E, como tu mesmo recordaste, ele já tinha um histórico de mau comportamento, mas até então nunca tinha sido punido por nada.»

— «É importante que tanto a punição como o motivo dela constem da acta. Assim estaremos a produzir "precedentes" que serão muito úteis mais tarde. Desse modo evitamos que haja dois pesos e duas medidas. Vê bem: infracções semelhantes merecem punições semelhantes. Os precedentes podem constituir, a longo prazo, um pequeno código de disciplina (com as respectivas consequências ou punições) que será consultado sempre que houver uma infracção. Eis um motivo a mais para se manter uma acta. Aliás, todas as sessões devem ser abertas pela leitura da última acta. Ainda sobre actas, elas devem ser redigidas como se qualquer pessoa pudesse ter acesso a elas, mas guardadas como se fossem um segredo de Estado. Assim evita-se qualquer excesso ou exagero que a sensação de sigilo ou privacidade possa oferecer àqueles que aprovam seu conteúdo. As decisões que o Conselho de Guias venha a tomar não devem ser humilhantes quando aprovada alguma punição. Mesmo que ninguém esteja a ver, pensemos o tempo todo que estamos a ser observados por alguém. "Sensação de sigilo" não deve ser confundida com "sensação de acoitamento para cometer excessos". [Assim que, em se tratando de escuteiros católicos, não vejo melhor ideia que conservar um crucifixo na sala usada pelo Conselho, de modo que os Guias jamais tomem uma decisão sem antes levantarem os olhos para o crucifixo]."

— «Entendo. Se Ìndia "pagava dez", isso não acontecia em público.»

— «Não façamos em segredo nada de que nos possamos envergonhar mais tarde, diante dos olhos dos outros, mesmo que se trate de uma reprimenda verbal.»

— «Mas parece que alguns chefes punem directamente seus escuteiros (ou, a falar como todos falam hoje em dia, impõem "medidas disciplinares", o que na prática é a mesma coisa) como se não houvesse um Conselho de Guias.»

— «Medidas disciplinares? Há alguns carrascos que usam termos semelhantes!»

— «E até mesmo alguns Guias impõem punições, ou medidas disciplinares, a seus escuteiros como se não houvesse o Conselho. "Não me ouviste chamar? Dá uma volta ao quarteirão!" E lá está um escuteiro às voltas com o quarteirão em que se localiza o agrupamento, se me permites o trocadilho, tendo sido julgado sumariamente, sem direito a uma defesa. Em casos assim, é melhor uma "punição justa" do que uma "medida disciplinar" excessiva ou arbitrária, muitas vezes chamada de "exemplar".»

— «As exemplares são as piores!»

— «Alguns rapazes (e tu sabes como eles costumam ser) propõem coisas do tipo: ele terá sua falta perdoada depois de rolar dez vezes sobre a relva abraçado a uma caixa de ovos, ou depois de recolher sua camisa, seu lenço, sua camisola, seu cinto, seus calções, seus meiões e seu par de botas, que espalharemos ao longo de um trilho, mas, para que isso não lhe seja tão fácil, estaremos escondidos pelo caminho, com fisgas e azeitonas, é claro! Quem quiser, pode comer suas azeitonas e atirar só os caroços...»

— «Há realmente quem faça isso?!»

— «Que faça, eu realmente não sei, mas que sempre há aquele brincalhão que proponha tal tipo de coisa, ainda que seja por bincadeira, isso há.»

— «Há todo tipo de gente no mundo!» diz Ròmeo, rindo-se.

— «Mas, quanto àquelas medidas disciplinares de que estávamos a falar, não adianta mudarmos o nome das coisas se não mudamos as coisas em si. Em todo caso, para não chocarmos os mais distraídos ou aqueles mais alheios ao assunto, será sempre aconselhável empregrarmos o eufemismo "medida disciplinar" ou "medida disciplinar exemplar". Por mais que empreguemos a palavra punição tendo em mente uma acção justa e necessária (pois a punição nunca deve ser um capricho humano, mas algo justificado e sem exageros), sempre haverá alguém mais obtuso que ouvirá essa mesma palavra tendo em mente algo bárbaro, excessivo e humilhante. Que justifica uma punição? Nos casos menos relevantes, uma conversa fracassada entre o chefe e o escuteiro em questão, pois o objectivo não é punir, mas evitar novas situações que exijam medidas disciplinares. Quanto aos casos mais relevantes, deve-se ter em vista, igualmente, evitar que a infracção se repita. Infelizmente algumas pessoas preocupam-se muito mais com a "medida disciplinar em si" do que com seus efeitos sobre a Secção.»

— «Os sádicos não querem corrigir ninguém; eles só querem divertir-se. Sendo assim, porque eles evitariam que certas situações acontecessem? Alguns até mesmo torcem para que aconteçam!»

— «E, para não esquercemos aqueles que negam haver punições em suas Unidades, ainda que sejam meras reprimendas verbais, eu direi que: ou existe um agrupamento que é um verdadeiro Paraíso na Terra, ou lá eles fazem vista grossa e deixam o barco andar. Imagina um jogo de futebol. Não é perfeitamente admissível para o adepto de futebol que haja o cartão amarelo?»

— «Creio que seja a mesma coisa quando somos multados por execesso de velocidade ao guiar ou quando recebemos uma suspensão na escola.»

— «Porque no Escutismo seria diferente?»

— «Faz sentido. Não devemos igonrar que tais situações possam acontecer e deveríamos pensar a respeito delas de antemão, de modo que mais tarde saibamos como agir da melhor maneira possível, que é sempre a mais justa que houver.»

— «E, como já deves ter notado, nem toda punição é algo concreto, como pagar uma forqueta ou ficar suspenso do agrupamento por determinado período; às vezes é algo mais abstracto, como uma repreensão verbal, mas, mesmo neste último caso, é importante que tenhamos em mente a ideia de justiça e, não menos, a de polidez.»

— «Claro! Não queremos ser insensíveis como aquele professor que aparece no videoclip "Another Brick in the Wall", do Pink Floyd. No fundo sempre fica alguma mágoa por parte do escuteiro se somos injustos ou agimos com excesso com ele, mesmo que tudo fique no campo das palavras. Mesmo advertir a alguém requer boas maneiras e discrição. E, mais precisamente quanto à discrição, o que aquele chefe antigo dizia mesmo? Ah, sim! "Elogios em público e reprimendas em particular".»


3

— «Agora, existem dois pontos muito importantes em se tratando de julgamentos pelo Conselho de Guias: 1) O acusado deve ser chamado a uma sessão para se defender. O julgamento só deve ser efectuado à revelia quando o acusado, depois de convidado mais de uma vez a comparecer, insistir em sua ausência (como diz o texto de um P.O.R. antigo).»

— «Parece justo; muito justo. E qual seria o outro ponto?»

— «Quando um dos membros do próprio Conselho é julgado. Numa Secção pequena, como creio que será a nossa ao menos durante algum tempo...»

— «Com "Secção pequena" queres dizer...?»

— «Formada por duas ou três Patrulhas. Nesse caso, é desejável que os sub-Guias também façam parte do Conselho. Numa Unidade com três Patrulhas, por exemplo, teríamos um Conselho composto por seis membros. Mas o que eu queria dizer é que deve ser observada uma hierarquia... Talvez a palavra certa não seja essa. Muitas pessoas não gostam dela, mas o facto é que, se o Conselho é composto, por exemplo, pelos Guias e pelos sub-Guias, e se um dos Guias é julgado, os subs devem ausentar-se da sessão.»

— «"Na nossa Secção não existe isso, somos todos iguais! Aqui ninguém é melhor que ninguém!"» diz Ròmeo, imitando um antigo chefe, muito zombeteiramente.

— «Não me lembres disso. Dessa maneira não é possível que haja nem Guias de Patrulha nem subs, nem Conselho de Guias nem nada. Não estou a dizer que devamos humilhar os outros. Pelo contrário: devemos tratar humanamente a todos os elementos da Unidade, mas daí a ignorar que existam Guias de Patrulha, sub-Guias, chefes, etc., é no mínimo insensato. Devemos, isso sim, reconhecer o mérito de cada um e, mais do que isso, prestar o devido respeito a eles através de gestos, condutas, atitudes, etc. O que estou a dizer aqui, nota-o bem, não é nenhuma novidade: os escuteiros de décadas atrás agiam assim, e bem creio que não devamos agir de modo muito diferente para que não nos afastemos demais do que o Escutismo pretendeu ser. Se o Escutismo foi inventado por alguém e praticado por outras pessoas antes de nós, significa que ele (o Escutismo) não é o que este ou aquele chefe "acha" que é. Provavelmente esse chefe nunca leu Escutismo Para Rapazes, por exemplo, ou jamais foi escuteiro quando jovem, de modo que não apanhou o espírito da coisa nem através da teoria nem através da prática. Sei que são ideias antigas, mas, até que surjam ideias melhores, creio que seja de bom-senso continuarmos com aquelas de eficácia já comprovada.»

— «Óptimo! Bela defesa!» diz Ròmeo, batendo palmas. «Tão-pouco me apetecem os chefes que mal sabem o que é Escutismo e agem como bem entendem.»

— «Obrigado! Mas eu te dispenso de bater palmas! Só disse o que penso.»

— «Também penso assim. Somos dois conservadores em matéria de Escutismo!»

— «Mas... continuemos... toda vez que um escuteiro for julgado pelo Conselho de Guias, os mais baixos em hierarquia devem ausentar-se da sessão. Antigamente, se íamos julgar algum escuteiro de Primeira Classe, todos aqueles de Segunda Classe ou que só tivessem o distintivo de Promessa eram então dispensados. Não se via nem a sombra deles.»

— «Verdade.»

— «Mas, ainda sobre punições, é sempre boa ideia deixar que o próprio escuteiro em questão sugira a sua. Veremos o quanto ele se sente arrependido pela medida disciplinar que ele mesmo atribuir a si. Quanto maior a medida, maior o seu arrependimento, e é isso o que realmente importa. O Conselho, é claro, pode aceitar ou recusar a sugestão do escuteiro julgado, mas, sempre que possível ou conveniente, deveria aceitá-la. E, mais exactamente sobre julgamentos, é preciso ter em mente que julgar não significa necessariamente condenar ou repreender. Muitas vezes significa absolver, aconselhar ou mesmo confirmar a confiança que depositamos no jovem. O Conselho de Guias deve ser uma coisa justa para ser uma coisa boa. "Acusado" não é sinónimo de "culpado".»


4

— «Tivemos muitos chefes diferentes. Cada um o avesso do outro. Isso há-de valer-nos de algum modo.»

— «Acho que aprendemos tão bem o certo como o errado. Deus tenha piedade de nós! Não sei se isso é bom ou mau.»

— «Se é bom ou mau tão-pouco sei, mas que às vezes era engraçado...» diz Ròmeo e ri-se.

— «Penso», diz Bravo, começando a expor uma ideia, «que deveríamos estabelecer desde o início alguns padrões para a Secção. Padrões para uma Secção, tu sabes, é aquilo que nunca chegamos a conhecer... Mas a tradição, como já disse e repito, começa desde o primeiro dia. Ou, de preferência, até mesmo antes. Já temos alguns critérios para o ingresso de jovens na Unidade, e penso que saberemos persuadir, convencer ou inspirar os Guias de modo que aceitem esses padrões (chamemos "padrões" qualquer regra, critério ou tradição para a vida em Secção). Mas pode haver outros», diz Bravo em tom de brincadeira, mas honestamente.

— «Na Frota, quando recebi meu distintivo de Eficiência I [o equivalente a Timoneiro de Embarcação], a cerimónia foi feita numa actividade náutica. Embarcamos e, longe do continente, fundeamos a uma distância de 100 ou 200 metros de uma ilha. Atamos a Bandeira Nacional à pá de um dos grandes remos da embarcação e colocámo-lo de pé onde se encaixaria o mastro, que não levámos. Como ventava para que o Pavilhão Nacional tremulasse, não ficou nada mal. É claro que não nos tínhamos lançado ao mar vestidos para uma cerimónia solene, mas, como "quem vai ao mar avia-se em terra", tínhamos levado a camisa e tudo o mais dentro de nossas mochilas e, no momento oportuno, estávamos impecáveis. Obviamente, Alfa Lima e Ìndia, como ainda não tinham feito a Promessa, foram gentilmente convidados a retirar-se.»

— «Acho que levou algum tempo até que eles entendessem o convite. Mas, por fim, lançaram-se à água e chegaram à praia na ilha próxima. Não satisfeito, o chefe ainda fez um sinal com a mão para que se afastassem mais.»

— «Mas depois, quando retornaram a bordo, eles disseram: — "Vocês não podiam ver-nos, mas ficamos escondidos atrás de uma moita a ver tudo!"»

— «Na verdade, àquela distância e com o vento, eles não podiam ouvir ou compreender o que se passava a bordo. Que viram eles? A Frota uniformizada e um chefe que deixou cair à água o distintivo de Eficiência I e, felizmente, foi capaz de o salvar a tempo?» diz Bravo a brincar. Mas, de facto, o chefe fez questão de molhar o distintivo n'água antes de o entregar a Ròmeo. Afinal, eles eram escuteiros marítimos.

— «Eis aí uma coisa que deveríamos manter. Não precisamos, é claro, de fazer com que ninguém tenha de nadar, por mais cómico que tenha sido daquela vez. Podemos desembarcar na praia quem quer que seja e, logo a seguir, realizar a cerimónia, a não ser que tenhamos pouca gente para manobar a embarcação, é claro, como tivemos daquela vez. Afinal, foi preciso um patrão, um proeiro e pelo menos quatro remadores para lidar com aquele escaler grande e fundeá-lo.»

— «Em todo caso, esse seria um óptimo padrão.»

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